sábado, janeiro 10, 2004
Ora tomem lá!
Foi ontem divulgado o relatório do Carnegie Endowment for International Peace sobre o Iraque e as Armas de Destruição Maciça. Elaborado por uma equipa que incluía, entre outros, o director do projecto de não-proliferação do instituto, o relatório apresenta um conjunto de conclusões que irá pôr as orelhas a arder a muita gente. Ora tomem lá nota: o arsenal iraquiano não constituía uma ameaça iminente; as inspecções da ONU estavam a surtir efeito; os serviços de informações falharam e/ou foram manipulados pelos governos da coligação; a conexão entre o regime de Saddam e a Al-Qaeda nunca foi provada; a busca das ADM no pós-guerra ignorou as indicações dos peritos da UNMOVIC; a guerra não era a única (ou sequer a melhor) opção para desarmar o Iraque. Um dos argumentos de quem defendeu a expedição militar era mais ou menos este: como o sistema internacional assenta no princípio da soberania dos estados (e no seu corolário, a não-ingerência), a única forma que ingleses e americanos tinham de legitimar a intervenção no Iraque passava pela invocação do espectro da «ameaça iminente». Uma guerra essencialmente punitiva foi, pois, apresentada como «defensiva». Eis uma mentira piedosa que não devemos perder de vista.
Agradeço ao Pedro Viana o link para as conclusões do relatório.
Publicado por pedrooliveira

Foi ontem divulgado o relatório do Carnegie Endowment for International Peace sobre o Iraque e as Armas de Destruição Maciça. Elaborado por uma equipa que incluía, entre outros, o director do projecto de não-proliferação do instituto, o relatório apresenta um conjunto de conclusões que irá pôr as orelhas a arder a muita gente. Ora tomem lá nota: o arsenal iraquiano não constituía uma ameaça iminente; as inspecções da ONU estavam a surtir efeito; os serviços de informações falharam e/ou foram manipulados pelos governos da coligação; a conexão entre o regime de Saddam e a Al-Qaeda nunca foi provada; a busca das ADM no pós-guerra ignorou as indicações dos peritos da UNMOVIC; a guerra não era a única (ou sequer a melhor) opção para desarmar o Iraque. Um dos argumentos de quem defendeu a expedição militar era mais ou menos este: como o sistema internacional assenta no princípio da soberania dos estados (e no seu corolário, a não-ingerência), a única forma que ingleses e americanos tinham de legitimar a intervenção no Iraque passava pela invocação do espectro da «ameaça iminente». Uma guerra essencialmente punitiva foi, pois, apresentada como «defensiva». Eis uma mentira piedosa que não devemos perder de vista.
Agradeço ao Pedro Viana o link para as conclusões do relatório.
Publicado por pedrooliveira

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