<$BlogRSDUrl$>

sábado, janeiro 10, 2004

Ora tomem lá!


Foi ontem divulgado o relatório do Carnegie Endowment for International Peace sobre o Iraque e as Armas de Destruição Maciça. Elaborado por uma equipa que incluía, entre outros, o director do projecto de não-proliferação do instituto, o relatório apresenta um conjunto de conclusões que irá pôr as orelhas a arder a muita gente. Ora tomem lá nota: o arsenal iraquiano não constituía uma ameaça iminente; as inspecções da ONU estavam a surtir efeito; os serviços de informações falharam e/ou foram manipulados pelos governos da coligação; a conexão entre o regime de Saddam e a Al-Qaeda nunca foi provada; a busca das ADM no pós-guerra ignorou as indicações dos peritos da UNMOVIC; a guerra não era a única (ou sequer a melhor) opção para desarmar o Iraque. Um dos argumentos de quem defendeu a expedição militar era mais ou menos este: como o sistema internacional assenta no princípio da soberania dos estados (e no seu corolário, a não-ingerência), a única forma que ingleses e americanos tinham de legitimar a intervenção no Iraque passava pela invocação do espectro da «ameaça iminente». Uma guerra essencialmente punitiva foi, pois, apresentada como «defensiva». Eis uma mentira piedosa que não devemos perder de vista.
Agradeço ao Pedro Viana o link para as conclusões do relatório.

Publicado por pedrooliveira




terça-feira, janeiro 06, 2004


O quase-milagre irreverente
Após oito dias soterrada nos escombros do sismo que abalou Bam, no Irão, foi resgatada, com vida, uma senhora de noventa e sete anos. Segundo a Ciência, nenhum ser humano aguenta mais do que cinco dias em condições semelhantes. Mas a explicação para o milagre (que, tendo explicação racional, deixa de o ser) surge simples e plausível: o ritmo lento do metabolismo da anciã.
Espartilhados por tantas logias (da Astro à Psico), que nos querem encaixar num ponto coordenado e passível de rigorosa previsão, reconforta observar o desplante com que esta avozinha, quase centenária, torce o destino e sobrevive, tanto ao cataclismo natural, como à sabedoria humana.


domingo, janeiro 04, 2004


(...)
Ainda há notícias capazes de me deixarem sem palavras.



Bohemian Rapsody
Is this the real life
Is this just fantasy
Caught in a landslide
No escape from reality
Open your eyes
Look up to the skies and see
I'm just a poor boy, I need no sympathy
Because I'm easy come, easy go,
A little high, little low,
Anyway the wind blows, doesn't really matter to me - to me,
Mama, just killed a man,
Put a gun against his head,
Pulled my trigger, now he's dead,
Mama, life had just begun,
But now I've gone and thrown it all away,
Mama, ooo,
Didn't mean to make you cry
If I'm not back again this time tomorrow
Carry on, carry on, as if nothing really matters

Too late, my time has come,
Sends shivers down my spine,
Body's aching all the time,
Goodbye everybody - I've got to go
Gotta leave you all behind and face the truth
Mama, ooo,
I don't want to die,
I sometimes wish I'd never been born at all
(...)


Aí em cima, está a tragicidade humana em toda a sua dimensão: o paraí­so perdido quando inexoravelmente se cresce, a angústia da temporalidade porque se morre (sobretudo, porque os outros morrem), a nossa própria culpa, a culpa dos outros. A inevitabilidade sublime da vida: no que for importante, nada perder, nada desperdiçar. Acaba assim, de forma sábia, mas humildemente humana: anyway the wind blows...




sábado, janeiro 03, 2004

arte&manhas


SINCERAMENTE.

Uma pessoa acorda, passa os olhos pelos jornais, ouve o noticiário do meio-dia, assiste à abertura dos telejornais da uma — e duvida seriamente da sanidade mental do país. Nada de escândalos, amiguinho. Nada de te escandalizares. Hoje, então, devias estar longe disto, mas não consegues. Lamaçal, lodaçal, pântano, vêm à memória estas palavras, mas é só um prenúncio do que há-de vir. Espantoso país das cartas anónimas, das vingançazinhas, da suspeita, do medo de pôr o nome por baixo, hoje devias não pensar nisso mas não consegues. Há uma espécie de náusea no ar. Belo ano. Excluis os pontos de exclamação por vício, para não te associares à gritaria, mas não consegues: volta atrás e corrige, corta os pontos de exclamação. Ris da ingenuidade absoluta, da credulidade total. Ah, o ministério público falhou. Ah, está a investigação toda de rastos. País das ruas. País da praça pública. Vem nas crónicas, lembram-se?, de quando diziam «corram ao Paço que matam o Mestre», e vai lá toda a gente, e o Mestre estava de boa saúde, a multidão acreditou em tudo. Acredita em tudo. E há denúncias anónimas. Manigâncias. Alguém deixa cair uma informação, mas não tem rosto. O melhor de tudo é ver como tudo encaixa, como tudo estava escrito nas instruções para compor este puzzle perfeito em que tudo se baralha para que tudo continue na mesma, esquerda e direita, tudo amiguinhos, maravilhoso bloco central. A humilhação maior é ver como as cartas anónimas figuram nas páginas do processo, claro, mas isso é vício nacional: um país que tem tantas cartas anónimas na sua história merece isto. Cartinhas de denúncia, cartinhas de humilhação: mencione-se um nome para que o nome fique coberto de lama. Diga-se um nome, um nome qualquer no meio de uma conversinha sobre a lama, e a lama arrebatará todos os nomes à volta. País assim. País perfeito. País sem culpados. A estratégia está a funcionar na perfeição, de resto: corram ao paço, que matam o Mestre, e a multidão corre ignorando que o Mestre está de boa saúde. Para que se há-de fazer justiça? Melhor que tudo fique contente, de um lado e de outro. Melhor que tudo fique assim. A estratégia está a resultar. E tanta gente escandalizada, ignorando que o escândalo, escandalizar-se assim alguém, é meio caminho para que não se mencione mais o assunto. País sensível, de plástico, cheio de merda pelos cantos. Tudo está a resultar. A aranha na sua teia. Perfeito.

Compreender o problema

Há que procurar entender o ponto de vista de quem excede os limites de velocidade.

Distingo diferentes níveis de desrespeito dos limites:

1. Há quem procure de todo não os exceder, podendo acontecer que o faça esporadicamente, por exemplo porque está atrasado (a pontualidade nunca foi o nosso forte) ou porque não reparou que ia demasiado depressa (isso é fácil de acontecer com o aumento de potência dos veículos e com a melhoria das estradas).

2. Há quem exceda os limites porque acha que não terá problemas com a polícia por andar uns 20-30 km/h acima do limite.

3. Há quem ultrapasse a velocidade por exemplo 40-60 km/h acima da máxima porque se acha bom condutor, julga que conhece perfeitamente os riscos (e acha que os polícias fazem caça à multa nestes casos) ou, simplesmente, porque não tem paciência para ir devagar (a recta é grande, nunca mais se chega à curva...).

4. Há quem exceda os limites de velocidade por exemplo 70 km/h ou mais porque tem um carro potente (ver o post abaixo) e/ou porque gosta da velocidade (satisfaz, alivia, excita) e/ou de infringir as leis. Incluem-se aparentemente neste grupo pessoas como as que reagem deste modo quando se acaba com os downloads de filmes sobre Street Racing ou que fazem/frequentam sites como este e este (é interessante ver os fóruns para se compreender as motivações das pessoas).

Haverá certamente outras situações correspondentes a diferentes misturas das razões acima (e de outras que não me lembro ou que desconheço) que levam a que se queira andar depressa, não se devendo pôr tudo no mesmo saco. Cada caso requer formas diferentes de lidar com as pessoas, estratégias de convencimento diferentes, níveis de repressão adaptados ao grau de excesso de velocidade e ao número de vezes que se repete a infracção. O objectivo é o de substituir estas diferentes culturas de velocidade, que tão disseminadas estão na nossa sociedade, por culturas de responsabilidade, de segurança e de respeito pelos outros e pelas leis. É um problema complicado mas, como todos os problemas, tem de ser compreendido na sua totalidade e atacado em todas as suas vertentes, para poder ser efectivamente resolvido.

Somos altos, baixos, magros, gordinhos, extrovertidos, introvertidos, religiosos, ateus, conservadores, liberais, ricos, pobres, famosos, comuns, brancos, negros... Só uma diferença : amamos pessoas do mesmo sexo. Campanha Digital contra o Preconceito a Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros. O Respeito ao Próximo em Primeiro Lugar. Copyright: v.


      
Marriage is love.


This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com Last Comments Add-On by LastHalo